Ricardo Nunes, candidato pelo MDB, conquistou a reeleição para a Prefeitura de São Paulo no segundo turno das eleições, realizado neste domingo (27).
Em uma disputa marcada pela alta abstenção, o pleito registrou um índice recorde de eleitores ausentes, refletindo a crescente desilusão com o cenário político local.
A reeleição de Nunes reafirma a preferência da maioria dos eleitores ativos pelo atual prefeito, enquanto a significativa abstenção aponta para uma desconexão entre uma parcela expressiva do eleitorado e o processo eleitoral.
Nesta matéria, exploraremos os detalhes que marcaram a eleição e o contexto político e social que pode ter influenciado esse resultado.
Recorde de Eleitores Ausentes nas Urnas
Em 2024, São Paulo registrou um número impressionante de 2,94 milhões de eleitores ausentes no segundo turno das eleições municipais, representando 31,54% do total de votos possíveis.
Esse índice de abstenção superou o recorde anterior, estabelecido em 2020, quando 30,81% dos eleitores deixaram de comparecer às urnas.
A escalada das ausências não é um fenômeno isolado, mas parte de uma tendência observada em eleições anteriores, como as de 2016 e 2012, que também registraram crescimento gradual na abstenção.
Esse padrão sugere uma desconexão progressiva entre o eleitorado paulistano e o processo eleitoral, possivelmente refletindo uma insatisfação com a política local e as opções disponíveis.
Comparação com Votos Nulos e Brancos
Além da abstenção histórica, os votos nulos e brancos somaram cerca de 665 mil, representando 10,42% dos votos.
Embora esse número seja inferior aos 879 mil registrados em 2020, ele reforça um dado alarmante: aproximadamente 42% dos eleitores de São Paulo optaram por não apoiar nenhum dos candidatos finalistas neste segundo turno, seja pela abstenção ou pela escolha consciente de anular ou deixar o voto em branco.
Esse cenário pode ser interpretado como um sinal de insatisfação com as opções eleitorais e com o sistema de representação democrática, especialmente em um contexto onde a abstenção tem apresentado crescimento contínuo.
Essa tendência levanta questões sobre a confiança do eleitor no processo democrático e a necessidade de iniciativas que restabeleçam a participação cívica e o engajamento da população na política local.
Vitórias por Zonas Eleitorais
Ricardo Nunes consolidou sua reeleição ao conquistar uma ampla maioria das zonas eleitorais de São Paulo. Dos 57 distritos eleitorais da cidade, Nunes venceu em 54, incluindo todas as 20 zonas onde Pablo Marçal (PRTB) havia liderado no primeiro turno.
Esse avanço em áreas anteriormente favoráveis a outro candidato reflete a capacidade de Nunes de expandir seu apoio e persuadir eleitores de diferentes regiões e perfis.
Em contraste, Guilherme Boulos (PSOL), seu principal adversário, obteve vitórias em apenas 3 zonas eleitorais: Bela Vista, Valo Velho e Piraporinha.
Essas áreas, reconhecidas por concentrarem um eleitorado com maior inclinação ao PSOL, ilustram uma preferência localizada, embora insuficiente para superar a abrangente vantagem de Nunes.
Comparação de Votos Entre Candidatos
Na disputa final, Ricardo Nunes conquistou 59,35% dos votos válidos, somando o apoio de mais de 3,3 milhões de eleitores paulistanos.
Esse percentual consolidou sua posição e lhe garantiu a reeleição com uma margem confortável. Por outro lado, Guilherme Boulos obteve 40,65% dos votos válidos, representando cerca de 2,3 milhões de votos.
Essa diferença numérica e percentual destaca a preferência majoritária pelo atual prefeito, refletindo uma rejeição considerável à proposta de mudança representada por Boulos.
A análise desses números evidencia não apenas a vitória expressiva de Nunes, mas também as divisões internas na cidade, onde zonas eleitorais específicas manifestaram apoio ao seu oponente.
O Significado do Crescimento das Abstenções
O aumento contínuo de eleitores ausentes ao longo das últimas eleições municipais em São Paulo traz à tona questões preocupantes sobre a saúde da democracia na cidade.
A abstenção, que atingiu um nível recorde em 2024, não apenas reduz o peso das escolhas eleitorais, mas também levanta dúvidas sobre a conexão entre o eleitorado e os candidatos.
Esse fenômeno reflete, em parte, uma possível insatisfação com o atual cenário político e com as opções oferecidas, sugerindo que uma parcela significativa dos paulistanos se sente desmotivada ou pouco representada.
Além de alterar o panorama eleitoral, o índice elevado de abstenções desafia a legitimidade das escolhas políticas, pois quando uma grande parte da população não participa do processo, as decisões e direções políticas refletem uma base menos representativa da sociedade.
Esse cenário pode levar a uma fragmentação do engajamento cívico, onde, cada vez mais, as políticas públicas e decisões importantes deixam de contemplar as necessidades e aspirações de uma grande parte da população.
Sessões onde cada candidato obteve êxito:
Guilherme Boulos (PSOL)
- Centro: venceu em 1 zonas eleitorais
Bela Vista – 55.24% - Zona Sul: venceu em 2 zonas eleitorais
Valo Velho – 51.60%
Piraporinha – 51.68%
Ricardo Nunes (MDB)
- Zona Norte: venceu em 12 zonas eleitorais
Brasilândia – 58.55%
Lauzane Paulista – 64.9%
Nossa Senhora do Ó – 60.45%
Casa Verde – 64.37%
Pirituba – 62.23%
Tucuruvi – 65.35%
Jaçanã – 63.58%
Santana – 67.04%
Vila Sabrina – 67.18%
Vila Maria – 68.48%
Perus – 56.72%
Jaraguá – 57.23% - Centro: venceu em 2 zonas eleitorais
Santa Ifigênia – 55.94%
Vila Mariana – 58.64% - Zona Oeste: venceu em 5 zonas eleitorais
Lapa – 62.24%
Jardim Paulista – 65.08%
Perdizes – 53.99%
Pinheiros – 52.33%
Rio Pequeno – 55.15% - Zona Sul: venceu em 15 zonas eleitorais
Indianópolis – 69.78%
Saúde – 62.06%
Ipiranga – 62.32%
Cursino – 60.36%
Jabaquara – 60.16%
Santo Amaro – 67.82%
Cidade Ademar – 60.48%
Pedreira – 62.54%
Capela do Socorro – 60.01%
Grajaú – 54.73%
Parelheiros – 56.44%
Morumbi – 59.02%
Campo Limpo – 51.3%
Jardim São Luís – 54.32%
Capão Redondo – 51.65% - Zona Leste: venceu em 20 zonas eleitorais
Mooca – 68.15%
Tatuapé – 68.71%
Vila Formosa – 67.48%
Vila Prudente – 65.32%
Sapopemba – 61.07%
Teotônio Vilela – 56.89%
Vila Matilde – 63.19%
Parque do Carmo – 58.98%
Penha de França – 63.31%
Cangaíba – 62.29%
Ermelino Matarazzo – 59.62%
Ponte Rasa – 61.14%
São Miguel Paulista – 59.55%
Itaquera – 58.22%
Jardim Helena – 57.74%
Itaim Paulista – 58.23%
Guaianazes – 55.19%
Conjunto José Bonifácio – 55.45%
Cidade Tiradentes – 50.52%
São Mateus – 53.13%