Soldados Rússos se incomodam com avanço Ucrâniano
Ucrânia contra-ataca e avança
A contraofensiva da Ucrânia já estava em seu segundo mês quando Andrey, um soldado russo, fez uma ligação para sua esposa para relatar que sua unidade estava sofrendo pesadas baixas. Ele descreveu a situação como terrivelmente mal equipada, chegando a compará-la às forças soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial.
Andrey expressou sua frustração, perguntando se eles deveriam usar os dedos como baionetas devido à falta de munição. Essas conversas foram parte de um conjunto de 17 interceptações telefônicas realizadas pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) nas primeiras duas semanas de julho, fornecendo um vislumbre raro, embora limitado, das condições enfrentadas por alguns soldados russos durante a grande contraofensiva ucraniana, iniciada em junho.
Embora a Rússia tenha conseguido avanços em algumas áreas, os soldados nas interceptações se queixaram de pesadas baixas, falta de munição, treinamento inadequado, equipamento deficiente e moral baixa. Tanto a Rússia quanto a Ucrânia mantêm em segredo suas perdas no conflito, tornando difícil avaliar a extensão dos problemas.
Telefonemas foram inteceptados
As interceptações telefônicas não fornecem uma imagem completa das condições nas forças armadas russas, mas sugerem que algumas unidades foram enviadas para operações defensivas sem preparação adequada, resultando em altas baixas e tensões entre soldados e comandantes.
O Ministério da Defesa da Rússia não respondeu aos pedidos de comentários, embora o presidente Vladimir Putin tenha prometido fornecer o que fosse necessário às forças armadas russas. A Rússia também aumentou significativamente seus gastos militares.
As interceptações foram compartilhadas pela SBU, que afirmou monitorar constantemente a situação nas áreas ocupadas da Ucrânia, mas não deu detalhes adicionais sobre como foram selecionadas. A fonte da inteligência ucraniana forneceu nomes, números de telefone e unidades de 15 soldados que foram ouvidos nas gravações.
Reporteres da Reuters garante a autenticidade
A Reuters verificou a autenticidade dos números de telefone, mas não divulgou os nomes completos dos soldados, já que não conseguiu obter comentários deles. No entanto, algumas esposas de soldados confirmaram que seus maridos estavam na frente de batalha, mas se recusaram a dar mais detalhes, citando as leis de sigilo russas.
Nos trechos das interceptações, os soldados usaram linguagem forte para descrever unidades russas que sofreram pesadas baixas e tiveram dificuldades em recuperar os feridos. Alguns relataram que as tropas foram enviadas para a linha de frente sem equipamento adequado.
Um soldado mencionou que seus colegas mortos eram chamados de “carga 200”, uma expressão que remonta à guerra no Afeganistão durante a União Soviética, usada como código militar para caixões que transportavam os corpos de soldados mortos. O termo ainda é utilizado na Rússia e na Ucrânia para se referir a soldados mortos, enquanto “carga 300” denota os feridos.
Putin reforça tropos com novos reservistas
Após uma resistência ucraniana feroz, Putin anunciou uma mobilização “parcial” de reservistas em setembro e reconheceu “certos problemas” em dezembro. A interceptação de uma chamada telefônica rastreou um soldado que foi mobilizado em setembro de 2022.
Em resumo, as interceptações telefônicas revelam preocupações significativas entre alguns soldados russos em relação às condições e às baixas durante o conflito na Ucrânia, mas a extensão desses problemas nas forças armadas russas ainda não está clara.
