Luisa Gonzalez lidera contagem de votos no Equador

Luisa Gonzalez, apoiada pelo ex-presidente de orientação esquerdista Rafael Correa, liderava a contagem preliminar de votos na corrida presidencial do Equador no último domingo, após uma campanha marcada por episódios violentos.

Gonzalez contava com cerca de 33% de apoio, com quase 20% das urnas apuradas, por volta das 19h40, horário local, de acordo com dados do Conselho Nacional Eleitoral. O ex-parlamentar Daniel Noboa estava surpreendentemente em segundo lugar, com 24,4% dos votos, enquanto o candidato anticorrupção Fernando Villavicencio, que foi tragicamente assassinado a tiros durante uma votação no início deste mês, tinha 16,3%.

Villavicencio foi substituído pelo jornalista investigativo Christian Zurita, mas seu nome ainda aparecia nas cédulas, pois elas foram impressas antes de sua morte. Os oito candidatos presidenciais, que provavelmente irão para um segundo turno, prometeram enfrentar o aumento significativo da criminalidade, atribuído pelo governo atual ao tráfico de drogas, e melhorar a economia em dificuldades, que tem causado aumento do desemprego e da emigração.

A questão da segurança foi central na disputa após o trágico assassinato de Villavicencio. Outros candidatos também relataram ataques contra eles, embora em muitos casos a polícia tenha afirmado que a violência não tinha como alvo os candidatos em si.

Os apoiadores de Gonzalez, reunidos em um comício no sul de Quito, expressaram o desejo de ver o retorno dos programas sociais de Correa e melhores oportunidades de emprego. “Sinto que, como mulher, ela defenderá o povo”, disse Fany Tarqui, 52 anos, que trouxe suas duas filhas e seu cachorro para o comício. “Queremos paz e oportunidades de trabalho.”

A falta de empregos foi um problema generalizado, o que levou a um aumento na emigração, observou o professor aposentado Wilson Lopez, 64 anos.

Seis suspeitos, todos colombianos, e que a polícia afirma pertencerem a gangues criminosas, foram acusados do assassinato de Villavicencio e estão sob custódia. Outro suspeito morreu devido a ferimentos sofridos em um tiroteio com as autoridades.

ATAQUES CIBERNÉTICOS Uma página da web criada para permitir que equatorianos que vivem no exterior votassem sofreu ataques cibernéticos, de acordo com o chefe do conselho eleitoral, mas a integridade do voto não foi afetada.

Os ataques cibernéticos contra a página de votação online para eleitores no exterior vieram de diversos países, incluindo Índia, Bangladesh, Paquistão, Rússia, Ucrânia, Indonésia e China, segundo Diana Atamaint, presidente do conselho eleitoral. “A plataforma online sofreu ataques cibernéticos que afetaram o acesso à votação. Queremos esclarecer que os votos registrados não foram comprometidos”, afirmou Atamaint. Vários candidatos também relataram problemas com a página da web.

Mais de 82% dos eleitores obrigatórios, que têm entre 18 e 65 anos, compareceram para votar, acrescentou Atamaint.

Gonzalez, que liderou as pesquisas pré-eleição, prometeu utilizar US$ 2,5 bilhões das reservas internacionais para fortalecer a economia do Equador e também reintroduzir os programas sociais implementados por Correa, apesar das condenações por corrupção que ele enfrenta devido à sua década no poder.

Noboa, um candidato de 35 anos e filho do influente empresário bananeiro Alvaro Noboa, aparentemente ganhou apoio após se sair bem no único debate televisionado da campanha. Ele concentrou sua campanha na criação de empregos, incentivos fiscais para novos negócios e punições mais severas para a evasão fiscal grave.

O substituto de Villavicencio, Zurita, afirmou à Reuters que, se eleito, fortaleceria a polícia e implementaria protocolos de inteligência para combater o crime, além de usar empréstimos internacionais para reforçar os programas sociais.

Também nas eleições de domingo estavam dois referendos ambientais, ambos com expectativas de aprovação, que poderiam proibir a mineração em uma floresta próxima a Quito e o desenvolvimento de um campo de petróleo na Amazônia. Os eleitores também estavam escolhendo 137 membros da assembleia nacional.