sexta-feira, maio 17, 2024
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Baixos salários afugenta Médicos na Itália que recorre a Cuba

Governada pelo Presidente de centro esquerda Sergio Mattarella, a Velha Itália tem como Primeiro-Ministro uma mulher totalmente de direita, que age com firmeza nos punhos e sangue nos olhos fazendo frente contra as ideologias que vem se proliferando em todo o mundo, principalmente na Itália.

Giorgia Meloni ocupa o cargo de Primeiro-Ministro na Itália desde Outubro de 2022 e vem chacoalhando a Europa desde que assim assumiu o posto, com sua temperança e coragem.

Meloni tem chamado a tenção do mundo, ao se posicionar fortemente como se posicionou no Brasil, o Ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro que levantou a bandeira com a frase de efeito que diz “Deus, Pátria e Família”.

Em um mundo polarizado desde a guerra fria, a história e o tempo têm provado que, dificilmente o capitalismo tem sobrevivido sem a ajuda da mão de obra do comunismo, assim como o comunismo tem se beneficiado com a ajuda do capitalismo.

Na Itália, o sistema de saúde vem passando por dificuldades a anos, pois no País assim como em várias outras regiões onde a oportunidade de empreender e vencer na vida tem ficado cada vez mais difícil, os jovens qualificados estão buscando outros Países que possa ofertarem uma remuneração melhor.

E para tampar este buraco existente, os governantes percorreram para a mesma tática em que o Brasil e a África-Continental têm aplicado na saúde de seus Países, buscado fazer parceria com o governo comunista Cubano para que envie seus médicos para tratarem os Italianos.        

Somente a Calábria, região sul da Itália vai contratar uma média de 500 médicos Cubanos por três anos em seu primeiro contrato, que poderá ser estendido conforme a necessidade se resolva ou não.

“Para mim foi uma surpresa pensar que a Itália tinha um problema de saúde”, falou Elizabeth Balbuena Delgado que é  cardiologista e residente de Santiago de Cuba.

 A Cardilogista aceitou a designação temporária para trabalhar em Locri, cidade litorânea da parte inferior da ponta da Itália. “Nenhum de nós jamais esteve na Europa”, disse a Médica sobre a primeira leva de 51 cubanos que chegou à região mais pobre da Itália em janeiro.

A Calábria tem enfrentado problemas de mão-de-obra na saúde, o Ministro da Saúde Orazio Schillaci, disse que a falta de profissionais em todo o país representa “uma verdadeira emergência”, através dessa solução pretende importar ainda mais.

Schillaci disse à imprensa “Devemos chegar a acordos com países estrangeiros para ter um número adequado de enfermeiros em nosso País”, acrescentando que estava perto de chegar a um acordo com a Índia, que tem centenas de milhares de enfermeiros aptos ao trabalhar no estrangeiro.

Após a visita da Primeira-Ministra Giorgia Meloni a Índia no mês de Março, o Ministério da Saúde indiano disse que um memorando assinado contemplava facilitar a mobilidade laboral para enfermeiros e paramédicos, inclusive com treinamento em idiomas.

A Itália possuía uma média de 4,1 Médico para cada grupo de 1.000 (um mil) habitante, e sem uma ação rápida, a situação nos hospitais italianos poderá piorar rapidamente.

Quase um quarto dos 102 mil médicos que trabalham no serviço público de saúde são elegíveis para a reforma até 2025, dizem os sindicatos, o que significa que os administradores enfrentarão uma batalha cada vez maior para manter abertas enfermarias, clínicas e até hospitais inteiros.

As autoridades procuram cada vez mais contratar estrangeiros para preencher as muitas lacunas – algo de que a Itália tradicionalmente tem evitado, ao contrário de outras nações ricas.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), com sede em Paris, um grupo de 38 países membros que visa estabelecer padrões internacionais, afirma que os médicos formados no estrangeiro representavam apenas 0,9% de todos os médicos em Itália em 2019 – o maior ano recente para o qual há dados disponíveis. Isto compara com 11,6% em França, 13,1% na Alemanha e 30% na Grã-Bretanha.

Embora a Itália já tenha conseguido formar a grande maioria dos médicos e enfermeiros de que necessitava, uma combinação de baixos salários e esgotamento diminuiu as filas, especialmente em especialidades exigentes como cuidados de acidentes e emergências.

Jornalistas tem conversado com mais de uma dúzia de médicos, líderes sindicais e autoridades de saúde que disseram que as tentativas de aumentar as contratações no exterior não estão sendo fáceis, com os problemas que assolam o serviço de saúde da Itália – incluindo salários não competitivos, infraestrutura em ruínas, longas horas de trabalho e burocracia, impossibilita a atração de talentosos estrangeiros.

Ao contrário do inglês ou do espanhol, relativamente poucos estrangeiros aprendem italiano na escola ou falam-no fluentemente, o que significa que nunca houve um grupo disponível de trabalhadores estrangeiros qualificados.

“A Itália não é uma sociedade multicultural. Não está habituada a esta dinâmica”, disse Andrea Filippi, médico e secretário nacional do sindicato dos médicos do serviço público CGIL.

Procurando proteger os trabalhadores italianos, os governos anteriores dificultaram o reconhecimento das suas qualificações por pessoas de fora.

“Na Itália leva um ano, ou um ano e meio, para que os diplomas (internacionais) sejam reconhecidos. As pessoas estão deixando a Itália por causa disso”, disse o professor Foad Aodi, chefe da associação italiana de médicos estrangeiros.

“A Itália sempre procurou contratar internamente, mesmo quando era óbvio que enfrentava escassez em áreas-chave… Foi um grande erro que outros países não cometeram.”

“DESESPERO”

O presidente da região da Calábria Roberto Occhiuto, disse que teve de procurar médicos no exterior depois de não conseguir atrair italianos suficientes para preencher uma série de vagas vazias.

“Tentei com médicos albaneses, mas eles disseram-me que, embora possam ganhar cinco a seis vezes mais em Itália do que no seu país, poderiam ganhar muito, muito mais do que isso na Alemanha”, disse ele.

Occhiuto então contatou Havana, que envia milhares de médicos ao exterior em missões internacionais todos os anos em troca de dinheiro ou produtos de extrema necessidade.

A pandemia da COVID-19 revelou as falhas do serviço em todo o mundo e principalmente na Itália, que sofreu o segundo maior número de mortes causadas pela pandemia na Europa, depois da Grã-Bretanha. A Itália registou 191.469 mortes.

Políticos de todas os partidos, prometeram aumentar os gastos com saúde e reverter uma década de cortes, no entanto, com o retrocesso do vírus, os investimentos estão novamente sendo negligenciado, à medida que a economia vacilante obriga o governo a fazer escolhas orçamentais difíceis.

A coligação de direita de Meloni disse que os gastos estatais com saúde este ano chegarão a 6,6% do produto interno bruto (PIB), abaixo dos 6,8% em 2022 e cairão para 6,2% no próximo ano, resultando numa queda real nos gastos.

Os profissionais de saúde disseram que uma década de austeridade teve um impacto devastador na moral dos funcionários, causando um êxodo do sistema de saúde público para clínicas privadas mais pequenas, mas mais bem pagas, ou então para contratos de freelancer mais lucrativos.

“Nossos salários estão entre os mais baixos do mundo. Nem sempre é possível trabalhar pela glória”, disse Rosanna Curinga, 41 anos, cirurgiã que trabalha em Locri ao lado dos cubanos. “Você trabalha tanto que se esgota facilmente, mas tem a vida das pessoas em suas mãos.”

NÃO ATRATIVO

A base de dados da OCDE diz que um médico especialista ganha em média 82 mil dólares por ano em Itália, contra 99 mil dólares em França, 156 mil dólares na Grã-Bretanha e 175 mil dólares na Alemanha.

O Palestino Aodi, chefe representante dos médicos disse que “Esta discrepância significa que outros destinos são mais atraentes para os médicos supervisores que procuram construir uma carreira na Europa”.

A covid obrigou a Itália aliviar as restrições à contratação de médicos estrangeiros, suspendendo as regras que determinavam que estes só poderiam vir de estados da União Europeia ou então teriam de ter documentos de residência – um procedimento burocrático demorado que dissuadiu muitos estrangeiros.

Mesmo aliviando as regras, não significa que haja uma fila de profissionais de saúde qualificados à porta, pois em um pequeno hospital na cidade de Morbegno, ao norte de Milão, está totalmente equipado, mas não pode abrir porque não consegue encontrar nove enfermeiros.

A administração esperava contratar médicos do Peru, mas o negócio fracassou em julho e não há nenhuma nova solução à vista, o hospital de 15 leitos e requer apenas uma equipe de 17 funcionários para abrir.

“Este é um local afastado e não considerado atraente. Além disso, basta cruzar a fronteira e você se encontra na Suíça, onde ganha mais”, disse Lorenzo Grillo Della Berta, chefe de saúde em Morbegno.

“Se aqui uma enfermeira ganha 1.500 euros (por mês), na Suíça você ganha mais que o dobro.”

O Sindicato de Saúde Italiano afirma que, salários mais elevados e melhores condições de trabalho em outros países também estão a revelar-se um atrativo para os profissionais médicos italianos.

A OCDE diz que 11.358 médicos italianos trabalhavam no estrangeiro em 21 estados da OCDE onde estavam disponíveis dados para 2021, incluindo 1.644 em França e 1.408 na Alemanha. Em contrapartida, apenas 107 médicos franceses e 316 alemães trabalhavam em Itália.

Os médicos italianos também estão a ser atraídos para países não pertencentes à OCDE.

O sindicato Nursing Up – que teve mais de 24.500 membros no ano passado – disse no mês passado que 550 enfermeiras italianas se inscreveram para ir trabalhar em Abu Dhabi, onde ganham 3.400 euros líquidos por mês, mais custos de alojamento e viagem.

“A geografia dos cuidados de saúde mundiais mudou. Os países do Médio Oriente estão a investir cerca de 10% do seu PIB em cuidados de saúde e o fosso com nações como a nossa corre o risco de se tornar intransponível”, disse o chefe da Nursing Up, Antonio De Palma.

Em tom de desanimo, dirigentes afirmam que “Na Calábria a chegada dos 497 médicos cubanos proporcionará apenas um alívio temporário, a partida está prevista para 2025 e a região não conta com que criem raízes”.

“Vou ficar o tempo que estipular o acordo entre Itália e Cuba, mas não quero ficar aqui. Quero voltar com minha mãe, para minha casa”, disse o cardiologista Delgado.

Agnaldo

Após décadas no mundo do Business, fornecer informação se tornou meu Hobby preferido, pois tenho aprendido a conviver melhor com as diferenças"

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